MPT no Pará participa de operação que resgata 38 garimpeiros em Itaituba

Escrito por ASCOM em .

Dormindo a poucos metros da mina de extração de ouro e com dívidas astronômicas acumuladas no acesso a produtos básicos, trabalhadores devem receber cerca de R$ 366 mil em verbas salariais e rescisórias

Uma grande operação de combate ao trabalho escravo no Oeste do Pará resgatou 38 trabalhadores do Garimpo Coatá, localizado dentro da Floresta Nacional do Amana, no município paraense de Itaituba. Além do Ministério Público do Trabalho (MPT), participaram do resgate o Ministério do Trabalho (MTb), o Icmbio, o Instituto Chico Mendes de Conservação para a Biodiversidade, que interditou as frentes de extração, a Defensoria Pública da União (DPU), o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Militar.

Maior resgate recente de trabalhadores em extração de minérios e metais preciosos realizado pelos Grupos Móveis de Erradicação do Trabalho Escravo, a fiscalização apurou um total de R$ 366.812 de verbas salariais e rescisórias devidas aos resgatados. Os garimpeiros já foram retirados do local e tiveram transporte, hospedagem e alimentação custeados pela proprietária do garimpo.

O MPT iniciará esta semana os procedimentos administrativos para o pagamento das verbas devidas aos trabalhadores, inclusive as reparações referentes a dano moral. Durante a operação, foram apreendidos documentos que comprovam a existência de um claro sistema de aviamento, no qual os garimpeiros eram obrigados a adquirir os produtos básicos vendidos pela empregadora a preços superfaturados e nunca informados.

Para se ter ideia, o acesso ao rádio, internet e aos meios de falar com a família eram tarifados. Da mesma forma, namoros eram proibidos e as únicas relações sexuais permitidas eras as intermediadas pelo pagamento de programas. Com salários retidos, os garimpeiros só sabiam o tamanho de suas dívidas ao tentarem deixar o local.

Além das verbas trabalhistas, a proprietária do garimpo também terá que pagar multa aplicada pelo Icmbio no valor de R$ 4,8 milhões por danos ambientais. O órgão interditou os equipamentos e embargou 224 hectares que ficavam dentro da Floresta Nacional.

Trabalhadores não possuiam equipamentos de proteção individual
Trabalhadores não possuiam equipamentos de proteção individual

Trabalhadores não usavam trajes de proteção contra o sol
Trabalhadores não usavam trajes de proteção contra o sol

Córrego de onde os trabalhadores retiravam água para consumo e higiene.
Córrego de onde os trabalhadores retiravam água para consumo e higiene.

Ministério Público do Trabalho
Assessoria de Comunicação

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