• Procuradorias
  • PRT Belém
  • MPs questionam Ministério da Saúde sobre critérios de distribuição de cota extra de vacinas no norte do país

MPs questionam Ministério da Saúde sobre critérios de distribuição de cota extra de vacinas no norte do país

Pará, Acre e Roraima, onde há municípios com risco de colapso no sistema de saúde, foram excluídos de novo lote

O Ministério Público do Trabalho (MPT), o Ministério Público Federal (MPF), e o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) expediram ofício ao Ministério da Saúde nesta terça-feira (9) em que requisitam esclarecimentos sobre os critérios técnicos adotados para a distribuição do novo lote de doses extras de vacina contra a covid-19 para o norte do país, que não foi proporcional à população de cada estado e excluiu o Pará, Acre e Roraima.

A nota informativa (https://bit.ly/3a27AoY) sobre a nova etapa de vacinação contra o novo coronavírus foi divulgada pelo Ministério da Saúde na última sexta-feira (5). Foram anunciadas doses extras para idosos do norte do país, nos estados do Amazonas (39,7 mil), Tocantins (14,2 mil), Rondônia (10,8 mil) e Amapá (4,3 mil). A nota, no entanto, não indica expressamente a razão da escolha dos estados contemplados e dos quantitativos que serão destinados, apontam os membros dos MPs.

Para as instituições é imprescindível que a distribuição das vacinas contra o novo coronavírus ocorra dentro de parâmetros técnicos claros e minimamente objetivos, para que não sejam geradas distorções regionais e para que seja ainda garantida a isonomia entre as populações dos diversos estados.

Nada para o último do ranking – Desde o início da vacinação, o Pará, mesmo com a nona maior população do Brasil – 8.702.353 habitantes –, é o estado que recebeu, proporcionalmente, a menor quantidade de vacinas contra a Covid-19, informou o governo do estado nesta segunda-feira (8). O governo federal enviou 315.840 doses de vacinas, suficientes para imunizar apenas 2,10% da população, o que coloca o estado em último lugar no ranking nacional da vacinação, registra o comunicado do governo do estado (https://bit.ly/36VDeTc).

Apesar de a nota informativa do Ministério da Saúde ter anunciado que a destinação de doses extras busca “exclusivamente nortear a distribuição das doses aos estados e municípios de maneira proporcional à sua população de idosos acima de 80 anos”, não foi prevista a remessa de nenhuma dose para o Pará, que conta com 19,7 mil idosos acima de 90 anos, enquanto para o Tocantins, onde vivem 4,8 mil pessoas dessa faixa etária, foram destinadas 14,2 mil doses, cita o documento dos MPs.

“Ainda que haja outros critérios que o Ministério da Saúde possa considerar além da proporcionalidade da população dos estados (em termos absolutos ou em relação aos grupos prioritários), é essencial que os critérios sejam públicos e objetivos”, frisam os membros dos MPs que assinam o ofício.

Baixo Amazonas – Além de citar a situação de risco de colapso sanitário no Acre e Roraima, os membros dos MPs detalham a situação do Pará, em especial a da região do Baixo Amazonas. Excluídos da nova remessa de doses extras da vacina, os três estados fazem divisa com o Amazonas, onde uma nova variante do novo coronavírus já provocou o colapso do sistema de saúde.

O Baixo Amazonas vem sofrendo com o aumento exponencial de casos e a lotação de leitos clínicos e de UTI. Apesar da gravidade da situação epidemiológica da região, o Pará não foi contemplado com doses extras na nova distribuição e, segundo a imprensa, o Ministério da Saúde enviou apenas 3,2 mil doses a mais na remessa anterior, registra o ofício dos MPs.

Segundo site do Ministério da Saúde que demonstra a distribuição de vacinas entre os estados (https://bit.ly/2MOlX7I), proporcionalmente à população dos estados, em termos absolutos) o Pará está atrás de outros estados que aparentemente não têm situação epidemiológica tão grave quanto a do Baixo Amazonas, indicam procuradores da República, procuradores do Trabalho e promotores de Justiça.

O ofício ao Ministério da Saúde foi enviado ao procurador-geral da República, em Brasília (DF), que tem atribuição para o envio de ofícios a ministros de Estado. Assim que receber o documento o Ministério da Saúde terá cinco dias para apresentar resposta.


Com informações Ascom MPF

Imprimir