Laboratório voltado à pesquisa do câncer do Hospital Ophir Loyola receberá microscópio revertido pelo MPT

Aparelho será utilizado pelo 1º laboratório da região Norte a trabalhar com pesquisa do câncer em alto grau de complexidade, com diagnósticos rápidos e mapeamento genético em 6 horas.

Uma multa trabalhista aplicada à Endicon Engenharia de Instalação e Construção, prestadora de serviços da Centrais Elétricas do Pará – Celpa, será revertida na compra de um microscópio para o Loboratório de Biologia Molecular do Hospital Ophir Loyola (HOL), em Belém. Além do aparelho, o HOL também recebe reversão de equipamentos de informática destinados às atividades de ensino, pesquisa e assistência permanentes realizadas na instituição.

A Endicon descumpriu termo extrajudicial firmado em 2009 com o Ministério Público do Trabalho PA/AP (MPT), mais especificamente quanto à ocorrência de acidentes de trabalho. Ao todo, a empresa pagará cerca de R$ 460 mil em multa.

Reversão

O Hospital Ophir Loyola atende demandas encaminhadas pela rede básica, ambulatorial e hospitalar de todo o Estado do Pará, destinando 100% de sua capacidade instalada a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). O HOL é credenciado como Centro de Alta Complexidade em Oncologia (CACON), com serviço de Radioterapia e a única entidade na Região Norte a atender pacientes em banco de tecido ocular humano, busca ativa de órgãos, Unidade Cardiovascular, Unidade em Nefrologia, neurocirurgia, transplantes renal, cardíaco e oftalmológico.

Certificado pelo Ministério da Saúde como Hospital de Ensino, o HOL também possui atividades de pesquisa e extensão desenvolvidas no âmbito hospitalar, com programas de residência médica credenciados pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), além de programas de Especialização em Enfermagem, modalidade Residência, e programa de Residência Multiprofissional.

Em 2016, o hospital inaugurou o Laboratório de Biologia Molecular, construído também a partir de reversão do Ministério Público do Trabalho, no valor de aproximadamente R$ 1,5 milhão. Os recursos eram provenientes de multas e indenizações por dano moral coletivo em processos judicias de autoria do MPT, dentre os quais ações contra as Lojas Americanas, PDG e incorporadoras.

Segundo o acordo, entabulado em novembro do ano passado entre o MPT e a Endicon, os valores pagos pela empresa serão empregados na compra de um microscópio ao Laboratório de Biologia Molecular da entidade, o qual deve ser entregue no 1º semestre de 2017.

Além do aparelho, a reversão também prevê a aquisição de equipamentos para Diretoria de Ensino e Pesquisa do hospital, tais como computadores, monitores, notebooks, no-breaks, projetores, suportes para projetor, câmera digital e cartão de memória, telas de projeção, splits e scanners.

Diretoria de Ensino e Pesquisa do HOL
Diretoria de Ensino e Pesquisa do HOL

Laboratório acaba com fila de espera em leucemia

Construído com recursos oriundos de reversão do MPT, o Laboratório de Biologia molecular do Hospital Ophir Loyola contribuiu decisivamente para acabar com a fila de espera de pacientes com leucemia na instituição. “Antes, os exames de leucemias eram feitos por um laboratório em Belém, que encaminhava as amostras para São Paulo e apresentava os resultados em 60 dias. Com o laboratório, cortamos esse tempo para uma semana”, conta Luiz Claudio Chaves, diretor geral do HOL.

Luiz Cláudio explica que outras medidas adotadas no âmbito do hospital também ajudaram para reduzir o quadro de espera, mas o laboratório veio otimizar todo processo, fornecendo um diagnóstico mais rápido e preciso para o início da quimioterapia adequada. O tempo de permanência nos leitos da onco-hematologia, que ficava em torno dos 45 a 48 dias, caiu para 22.

“Quando os exames iam para São Paulo, a amostra se deteriorava até chegar lá, o que gerava resultados inconclusivos, hoje, já durante o tratamento, amostras dos pacientes são encaminhadas novamente ao nosso laboratório a fim de se verificar se a aberração genética está diminuindo em quantidade”, diz Rommel Burbano, coordenador do Laboratório de Biologia Molecular do HOL.

Romell relata que um dos projetos do laboratório é fazer o rastreamento genético de grupos familiares com incidência de câncer de mama, “conseguiríamos detectar a mutação genética, o que dá uma perspectiva de até 85 % da pessoa vir a desenvolver o câncer ainda jovem”. Alberto Ferreira Jr., chefe do Departamento de Ensino e Pesquisa do HOL, complementa dizendo que “nós precisamos conhecer melhor a nossa população feminina. Há a necessidade de se levantar dados epidemiológicos a respeito do câncer de mama para que se possa ter condições, através da biologia molecular, de identificar essas pessoas”. De acordo com Alberto, o câncer não depende somente de fatores genéticos, mas também ambientais, no entanto é preciso levantar essa população para se ter ideia de quanto ela representa no Estado.

Outro fator importante que a instalação do laboratório veio trazer é o reforço ao tripé, ensino, pesquisa e assistência na região. “O docente assistencial sempre foi um grande desafio no Brasil. Agora, o docente assistencial com pesquisa, que a nível internacional é a regra, não é um patamar brasileiro. É impressionante como as instituições que fazem isso se diferenciam claramente no cenário nacional”, ressalta Luiz Claudio Chaves, diretor geral do HOL. Para ele, tais instituições são mais procuradas porque são voltadas ao atendimento à população, tem a preocupação com a formação acadêmica, ao mesmo tempo em que produzem pesquisa de ponta.

Coordenador Rommel Burbano explica funcionamento do Laboratório aos procuradores José Carlos e Rejane Alves
Coordenador Rommel Burbano explica funcionamento do Laboratório aos procuradores José Carlos e Rejane Alves

 

N° do Processo MPT: PP 345.2006.08.000/0

 

Ministério Público do Trabalho
Assessoria de Comunicação

Imprimir